birdseed
Aconteça O Que Acontecer
O Eco
As Virtudes que pensamos Ter
Quando afirmamos, diante de determinada situação, que perdemos a
paciência, na verdade significa dizer que ainda não temos a paciência que
acreditávamos possuir, pois quem a adquiriu, jamais a perde.
Quando concluímos que a nossa calma acabou, é sinal inequívoco de que
nunca fomos calmos, apenas trazíamos uma máscara que não resistiu aos
golpes que sofreu; então, evidenciamos o que realmente somos.
Quando dizemos que o amor que sentíamos por certa criatura deixou de
existir, na verdade estamos informando que, com relação a ela, mantínhamos
somente laços de atração, nada mais. O amor verdadeiro não acaba.
Quando observamos que a solidariedade que cultivávamos perdeu a
intensidade, podemos e ntender, sem medo de errar, que não éramos
autênticos na solidariedade, pois quem assim o é, não retroage.
Quando percebemos que estamos cansados de fazer a caridade, sem dúvida
nenhuma podemos concluir que nunca fomos totalmente caridosos, apenas
ensaiávamos pequenos gestos de bondade que se enfraqueceram por falta de
determinação e objetivo sério.
Quando reconhecemos o desânimo, com relação à destinação de nossas horas
de folga, na realização de trabalhos assistenciais em favor de criaturas
em sofrimento, iniciados com arrojo, devemos entender que não éramos
desprendidos como acreditávamos ser.
Quando identificamos a ausência do desejo de prosseguirmos no serviço de
edificação de uma sociedade mais justa e humana, ao registrarmos os
escândalos sociais que eclodem em todos os quadrantes da na ção, é porque,
no âmago, nunca tivemos a convicção absoluta dos nossos deveres dentro da
sociedade.
As virtudes que definitivamente adquirimos, jamais deixamos de possuir.
Assim, não perdemos paciência, fraternidade, amor, caridade, tolerância,
idealismo, determinação, coragem e outras tantas conquistas nobres e
sublimes, quando realmente as detemos.
Então, concluindo que não as temos mais ou que elas perderam a
intensidade, melhor será entender que não as tínhamos, carecendo,
portanto, de sérias e acuradas reflexões, para direcionar caminhos em
busca de obtê-las, com urgência e de forma total e absoluta. Então, se
incorporar-se-ão ao nosso quadro evolutivo e seguirão conosco para a
eternidade.
Reflitamos maduramente, pois muitas virtudes que pensávamos ter, em
realidade não temos.
Assim, oportuno será observar a advertência do Espírito Emmanuel quando
afirma que “só pela renovação íntima alcançaremos a perfeição”.
(Publicado no Livro “Mensagens de Esperança e Paz”, Autor Waldenir
Aparecido Cuin, da Editora EME)
Autodesenvolvimento
Nego-me a submeter-me ao medo,
Que me tira a alegria de minha liberdade,
Que não me deixa arriscar nada,
Que me torna pequena e mesquinha,
Que me amarra,
Que não me deixa ser direta e franca,
Que me persegue,
Que ocupa negativamente a minha imaginação,
Que sempre pinta visões sombrias.
No entanto não quero levantar barricadas por medo do medo,
Eu quero viver, não quero encerrar-me.
Não quero ser amigável por medo de ser sincera.
Quero pisar firme porque estou segura,
E não para encobrir o medo.
E quando me calo, quero fazê-lo por amor
E não por temer as consequências de minhas palavras.
Não quero acreditar em algo só por medo de não acreditar.
Não quero filosofar por medo de que algo possa atingir-me de perto.
Não quero dobrar-me só porque tenho medo de não ser amável.
Não quero impor algo aos outros pelo medo de que possam impor algo a mim.
Por medo de errar não quero me tornar inativa.
Não quero fugir de volta para o velho, o inaceitável, por medo de não me sentir segura no novo.
Não quero fazer-me de importante porque tenho medo de ser ignorada.
Por convicção e amor quero fazer o que faço e deixar de fazer o que deixo de fazer.
Do medo quero arrancar o domínio de dá-lo ao amor.
E quero crer no reino que existe em mim.
Prece – Fernando Pessoa
SENHOR, que és o céu e a terra, que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu. Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo está – (o teu templo) – eis o teu corpo.
Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.
Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos.
Faze com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai. […]
Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra, tua cama. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar.
Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te.
Senhor, protege-me e ampara-me. Dá-me que eu me sinta teu. Senhor, livra-me de mim.
[Prece – no livro O EU PROFUNDO – Obras em Prosa – em um volume – Editora Nova Aguilar, 2da Edição – 1976, página 33]