PAPAGAIOMUDO

 
Katılım: 12.11.2008
O caráter de um homem é formado pelas pessoas que escolheu para conviver. (Sigmund Freud )
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O meu amor morreu ... (lindo demais)

Não achei que iria chorar, não desta vez! Enganei-me. Hoje ele veio, repleto e transbordante, que é como deve ser.

Chorar assim é mais que derramar lágrimas: é verter a alma junto, é desaguar-se num mar de sentimentos entrelaçados, misturados, intensos, imensos, inescapáveis...

Chorar como eu digo, é mais que a garganta doendo e o peito apertado, o nariz tapado, os olhos vermelhos. Muito além dos soluços e gritos. É chorar com o espírito.

É saber tudo que podia ter sido vivido e jamais será, o que poderia ter sido, mas nunca foi. É saber que o primeiro e lindo brilho no olhar jamais foi falso, mas, de uma vez por todas, está perdido.

Chorar como este choro é, é saber que o amor morreu, que a amada é falecida e que tudo ficou no passado. Enterrado e sepultado. Cada lembrança é uma faca... Uma flecha num São Sebastião em nilos, deltas, rios em janeiro.

E ela estava especialmente bela hoje... Justamente hoje! Justamente hoje... Que retornei ao lugar onde tudo começou. Justamente hoje! Hoje que queria vê-la de forma indiferente, como outra qualquer, ela me vem como da minha vida, a mulher!

Enfim, chorar desta forma é revirar-se, é rasgar-se por inteiro, partir-se ao meio, é estar do avesso, é saber de tudo que jamais retornará. Está feito. Terminado. Nada mais a fazer.

Restam as cartas, as fotos, as lembranças, os momentos que insistem em voltar, e voltam: como punhais! Cada coisa em comum, cada pendência, cada olhar, cada se falar ainda, é masoquismo sórdido mas involuntário de sentir a dor; mas não qualquer dor, a dor de dentro: a dor por dentro.

Eu sei, já existiram outras vezes, mas esta é a definitiva. Tudo pertence ao passado, embora o sorriso que hoje vi lembre o de tempos atrás e o brilho no olhar pareça ser o mesmo. Mas não é: a mulher que eu amo morreu! Vejo fantasmas! Ela irá ressuscitar sim: mas em outros braços, nunca mais nos meus...