1. Eram uma vez dois amigos que foram criados juntos. Com o passar do tempo foram se distanciando, como acontece com todos os amigos ao saírem para a vida.
2. O primeiro conseguiu descobrir o prazer em aprender. Assim, investia boa parte do seu tempo nessa atividade. Nos estudos e em tudo que fazia se determinava a aprender. Fixava-se em seu propósito, fazendo primeiro o que era preciso e depois o que queria.
3. O segundo resolveu que não era preciso dedicar-se com tanto cuidado. Passava na escola, mas estudava pouco. Obedecia sempre a sua voz interior, fazendo primeiro o que queria e, depois, no tempo que lhe sobrava, o que realmente era preciso.
4. Certo dia, o reinado abriu concurso para prestadores de serviços ao rei. Os dois amigos passaram. A sorte maior apareceu para o primeiro. Foi contratado como conselheiro do rei. Já o segundo conseguiu serviço como remador no navio da realeza.
5. Um dia o rei e seus conselheiros embarcaram para uma viagem no mar. Falavam de negócios enquanto aproveitaram a brisa que soprava do mar.
Enquanto isto, mas próximo da popa, os remadores suavam para fazer o navio seguir adiante. O remador, vendo seu amigo de infância bem à vontade em companhia do rei, ficou abalado, e, quanto mais pensava, mais furioso ficava. Ao anoitecer, já cansado de tanto remar, não se conteve e começou a resmungar para outro amigo remador:
- Olhe aqueles inúteis. Intitulam-se conselheiros estratégicos, mas ficam à toa, jogando conversa fora. Por que é que temos que suar tanto para levar o navio deles adiante? Isto não é justo! Afinal, não somos filhos de Deus?
6. Ao ancorarem o navio para pernoitar, o remador foi acordado no meio da noite por uma mão que lhe sacudia. Era o rei em pessoa, e lhe pediu, falando baixo:
- Há um barulho esquisito vindo daquela direção – disse, apontando para a terra. – Não consigo dormir, imaginando o que seja. Por favor, vá e descubra o que é.
7. O remador pulou do navio e subiu para o alto de um morro. Voltou pouco depois com a informação.
- Não é nada, Vossa Majestade. São alguns lenhadores cortando árvores, por isso há tanto barulho na floresta.
- Remador, quantos lenhadores são?
O remador não tinha se dado ao trabalho de olhar com mais cuidado. Pulou do navio. Nadou até a praia. Correu morro acima. Voltou.
- Vinte e um, Vossa Majestade.
- Remador, que tipo de árvore é?
Ele se esqueceu de reparar. Lá voltou e retornou, dizendo:
- Pinheiros, Vossa Majestade.
- Remador, por que estão cortando as árvores?
Lá foi ele de novo...
- Para vender, Vossa Majestade.
- Remador, quem é o dono das árvores?
De novo ele teve que voltar.
- Disseram que é um homem muito rico, Vossa Majestade.
- Remador, obrigado. Agora venha comigo, por favor.
8. Os dois, o rei e o remador foram até a proa do navio e o rei acordou o amigo da infância do remador.
- Conselheiro, há um barulho esquisito vindo daquela direção – disse, apontando para a terra. – Não consigo dormir, imaginando o que seja. Por favor, vá e descubra o que é.
9. O Conselheiro desapareceu rumo a terra e voltou pouco depois.
- É uma equipe de lenhadores, Vossa Majestade.
- Conselheiros quantos são?
- Vinte e um Majestade.
- Conselheiro, que tipo de árvore é?
- São pinheiros, Majestade. Excelentes para construir casas.
- Conselheiro, por que estão cortando as árvores?
- Para negociar, Majestade. O reflorestamento de pinheiros é do prefeito do vilarejo. Ele realiza o corte a cada dois anos. O corte é autorizado, me mostrou o ofício. Ele pede desculpas pelo barulho e convida Vossa Majestade para o café da manhã, que será preparado especialmente para recebê-lo.
10. O rei olhou para o remador:
-Remador, eu ouvi seus resmungos. Sim, todos nós somos filhos de Deus. Mas todos os filhos de Deus têm seu trabalho para executar. Precisei mandá-lo quatro vezes a terra para obter respostas. Meu conselheiro foi uma vez só. E é por isso que ele é meu conselheiro estratégico, e você fica com os remos do navio.
11. Pois é, qualquer semelhança com o mundo corporativo não é mero acaso, encontramos todos os dias uma porção de pessoas que vivem reclamando e que atribuem seus fracassos aos outros. São estes que vivem tendo iniciativas, mas não tem “acabativas”, prendem-se nas regras e normas, falta de tempo e no azar do destino; outros vão e fazem. Esta é a grande diferença... Fazer.