Soneto de Eurydice
Eurydice perdida que no cheiro
E nas vozes do mar procura Orpheu:
Ausência que povo terra e céu
E cobre de silêncio o mundo inteiro.
Assim bebi manhãs de nevoeiro
E deixei de estar viva e de ser eu
Em procura de um rosto que era o meu
O meu rosto secreto e verdadeiro.
Porém nem nas marés, nem na miragem
Eu te encontrei. Erguia-se somente
O rosto liso e puro da paisagem.
E devagar tornei-me transparente
Como morte nascida à tua imagem
E no mundo perdida esterilmente.
(Sophia Breyner)
Por amor eu sou capaz de... "descer até o inferno". Orpheu assim o fez para tentar trazer de volta a sua amada Eurydice que se encontrava no mundo infernal - mundo dos mortos.
"Ó divindades do mundo inferior, para o qual todos nós que vivemos teremos de vir, ouvi meus lamentos e minhas súplicas. Venho ao tártaro em procura de minha esposa, que morreu na flor da juventude em conseqüência da picada de uma serpente cruel, e só por poucos dias alegrou minha vida. O Amor me trouxe aqui, o Amor, um deus todo poderoso entre nós, que mora na terra e, se as velhas tradições dizem a verdade, também mora aqui. Imploro-vos, sagrados e terríveis deuses da morte: uni de novo os fios da vida de Eurídice. Devolvam minha amada esposa, devolvam-lhe a vida. Se recusardes, não poderei voltar sozinho, triunfareis com a morte de nós ambos".
Orpheu conseguiu permissão de sair do inferno com sua amada com a condição q ela o seguisse e ele não olhasse para trás até q atingissem a superfície da Terra. Enfim, para se certificar que era Eurydice e se ainda o seguia, ele volta seu olhar para a amada e a perde.
Orpheu viveu em vida a sua saudade e viveu em morte o seu amor verdadeiro.
https://www.youtube.com/watch?v=svOHTPbZxhc