Confiar em excesso: quando a confiança se torna um erro
Às vezes podemos confiar em excesso, é verdade. No entanto, confiar nem sempre é um erro.
O problema está em quem nos faz acreditar naquilo que não é.
Pode haver quem nos acuse de confiar em excesso. No entanto, podemos ser punidos e rotulados de “ingênuos” por depositar nossa confiança em alguém? A verdade é que não, em nenhum caso. Porque oferecer confiança e esperar recebê-la não é um erro. O problema está em quem mente, em quem brinca com os corações alheios e distorce as essências do respeito.
Nossa cultura e nossa civilização baseiam grande parte de sua essência social e suas dinâmicas no princípio da confiança. Precisamos da confiança para poder conviver, para poder reduzir a sensação de medo e incerteza em nossas relações; porque confiar, afinal de contas, é esse ato de fé que praticamos diariamente com os olhos fechados, mas com o coração aberto.
Quando as pessoas constroem laços de confiança, elas o fazem através de duas dimensões muito específicas:
Em primeiro lugar está a confiança afetiva, a qual se nutre principalmente do plano emocional. É quando sentimos que essas ou aquelas pessoas são dignas de confiança porque é isso que nosso coração nos diz, porque nos sentimos bem perto delas, porque as emoções que nos fazem sentir são muito valiosas para nós.
A confiança cognitiva. Nesse caso, à dimensão emocional são acrescentados os julgamentos, os pensamentos e as crenças. As pessoas já têm uma série de juízos que nos convencem de um modo, talvez, mais prático e objetivo do motivo pelo qual essas pessoas são confiáveis.
Assim como explicado em um estudo realizado por Jennifer Dunn, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, quando confiamos em excesso, talvez nos deixemos levar em excesso pelo plano emocional. Nossos julgamentos nem sempre se ajustam à realidade e nós nos limitamos, possivelmente, a escutar nossas emoções sem sermos capazes de ver ou analisar outros indícios mais concretos.
Quando confiar é um erro?
Confiar nos outros nunca será um erro cometido por nós. A confiança é um princípio básico no ser humano e, por isso, passar por uma decepção, uma traição ou uma mentira é vivido frequentemente como algo traumático.
Portanto, deixando esse aspecto claro, em quais situações podemos nos criticar por confiar em excesso?
Pode ser que alguém nos decepcione uma vez ou, até mesmo, duas vezes. No entanto, se após várias decepções, ofensas, maus momentos e amarguras, continuarmos depositando nossa confiança nessa pessoa, o erro é nosso.
A experiência é sempre a melhor conselheira. Portanto, ninguém pode recriminar a si mesmo por ter errado uma vez. Viver também é cair, também é tropeçar e deixar nosso coração nas mãos erradas. No entanto, após essas situações é preciso ter um momento de introspecção e tirar disso um bom aprendizado. Tropeçar várias vezes na mesma pedra não é positivo para ninguém.
Para concluir, todos nós precisamos poder confiar em alguém. Sem esse suporte cotidiano, a vida se torna dura e perde impulso… Portanto, devemos procurar ser bons provedores dessa dimensão com os demais, mas também prudentes na hora de escolher em quem depositar esse bem tão precioso.