Dê
Ela era uma demoninha tesuda.
Não tinha nome, só a elite infernal tem esse atributo, o resto é “grande elenco”.
E fazia coisas ruins ...
Claro, era uma demônia , mas só com seus machos.
Por exemplo, quando estava chupando o atleta, mordia forte, fazendo-o uivar de dor, mas nunca a ponto de arrancar-lhe a rola. “Seria um desperdício”, justificava..... “Ela é tão gostosa...”.
E quando a trepada estava uma delícia, castigava o vivente, fazendo-o gozar muitas e muitas vezes, até desmaiar, à beira de um infarto.
Mas nunca o matava, “Seria um desperdício”, justificava. “Ele é tão gostoso...”.
Os outros demônios perceberam o que se passava e a convocaram para comer-lhe o rabo (não no sentido literal, ela adoraria; na acepção de censurá-la asperamente).
Diabinha, você tem ser mais cruel com os humanos.
Ou vai estar em apuros conosco.
E você sabe, somos maus... disse um deles, com um sorriso perverso.
Ela tremeu de medo, mas contra-argumentou: Po-posso tentar, mas é tão mais gostoso fazer maldades enquanto faço coisinhas...
E quando o cara não me faz gozar, aí sou má de verdade, rogo uma praga, ele broxa de vez, passa a mijar no sapato para sempre!
Os diabões deram de ombros, desiludidos.
E convocaram uma reunião sem a presença dela.
- O jeito é ela mudar de banda – disse um deles.
– Vou ao orún, plano espiritual do candomblé, levar um lero com exus e pomba giras.
Chegando lá, convocou as lideranças do outro panteão (que NÂO são diabos, apesar dos uivos de exorcismo de pastores fundamentalistas cascudões) e explicou o que se passava.
- Então, temos uma diaba que só pensa em trepar, está muito mais pra uma pomba gira do que para uma súdita de Lúcifer – resumiu. –
Ela pode vir para cá?
Exus e pomba giras pensaram, “Carne nova na zona!”.
E concordaram na hora.
E foi assim que a diabinha trocou os domínios infernais pela condição de mensageira dos orixás, atribuição de exus e pombagiras.
Mas isso não lhe exige muito tempo, e passa as horas livres confraternizando – na cama – com sua nova galera de exus e exuas. E ainda consegue fazer coisinhas com machos e fêmeas humanos, que ocupam uma posição especial em seu coração e em suas partes baixas.
E, presente dos deuses do candomblé, ganhou um nome, o primeiro em sua longa existência: Dê, diminutivo de demônia.
Mas é também a terceira pessoa do singular do imperativo do verbo dar e, justificando a denominação, a pomba gira Dê dá, dá adoidado, dá o tempo todo, dá com um sorriso nos lábios e as pernas bem abertas.
CarlWeiss
registro:
" Mais que ontem , menos que amanha "
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