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registro: 15/03/2007
"Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação."
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A química do desejo

Diante de tantos textos sobre amor, creio que todos já tenham os seus, então o passo seguinte é a "química".

Lembrei que muito tempo atrás eu li um artigo muito bom sobre esse tema e resolvi trazê-lo para compartilhar e retribuir por tudo aquilo que aprendi aqui sobre relacionamentos.

Ao final deixo o link da matéria na íntegra.

Beijos a quem é de beijo, abraços a quem é de abraço.

Valentina

 

A ciência da atração

"Desde os tempos da pré-história, muita coisa mudou em nossos cérebros. Mas, quando o assunto é química sexual, nossos instintos básicos ainda falam alto. Novos estudos mostram que as regras desse jogo são mais complexas do que podemos imaginar. Saiba o que é preciso para entrar em campo e ganhar

 

Sabe quando você conhece a pessoa perfeita: bonita e gostosa (e ainda por cima completamente na sua), mas, mesmo que você queira, simplesmente não rola aquela química necessária para seguir adiante? Como se não bastasse você se sentir um completo fracasso por dispensá-la e continuar sozinho — ou, o que é ainda pior, insistindo naquela pessoa bem menos interessante e que nem lhe dá tanta bola assim —, ainda tem de ouvir os amigos falando o que fariam no seu lugar. Se isso serve de consolo, saiba que pelo menos a ciência está do seu lado.

Novos estudos têm mostrado que, ainda que o visual seja o primeiro e talvez o mais importante estímulo, o jogo da atração sexual tem regras bem mais complicadas, nem sempre claras. É óbvio que corpos sarados e rostos harmônicos sempre fazem sucesso, mas outros atributos, como cheiro e voz, além de características psicológicas como humor, têm se mostrado cada vez mais determinantes para a vitória ou derrota dos participantes dessa verdadeira maratona, segundo a psicologia evolutiva — ciência que estuda os mecanismos adaptativos psicológicos que fazem parte do que chamamos de natureza humana.

Isso sem contar, claro, os aspectos culturais, que nos diferenciam dos outros animais (os cachorros parecem não se importar muito com os modos à mesa de sua parceira sexual, tampouco as leoas no cio conferem a classe social e o nível de instrução dos leões).

O olfato é o que mais nos aproxima dos cachorros, leões e outros parentes menos civilizados no quesito luxúria, segundo as recentes descobertas da ciência. O bom parceiro é aquele que cheira bem. E não estamos falando (só) de banho e desodorante, mas da influência inconsciente que o olfato desempenha na escolha do melhor companheiro para a procriação — lembrando que esse critério também é inconsciente, afinal, há alguns milhares de anos, quando nosso cérebro foi programado para selecionar pretendentes de acordo com sua capacidade reprodutiva, ninguém se preocupava muito com planejamento familiar. E ainda não deu tempo de nosso principal órgão se atualizar, já que a velocidade das nossas alterações biológicas não acompanha a das culturais.

Além de cheirar bem, o homem que tiver bom humor e uma voz sexy também tem maiores chances de cair no gosto da mulherada. Nada mais verdadeiro do que aquela máxima dos xavequeiros de que, “caiu na risada, está faturada”. Parece que gente chata não fazia muito sucesso desde a pré-história, e isso porque (além dos motivos óbvios) o senso de humor parece estar associado à inteligência, característica masculina irresistível para a maioria das mulheres, e também à boa disposição, que está associada à saúde, que, por sua vez, indica boas chances de reproduzir. Ainda que não seja tão importante quanto nos homens, nas mulheres, o bom humor também tem poder afrodisíaco, pelos mesmos motivos. E, se a piada vier com voz baixa e grave, a coisa fica ainda melhor para os rapazes. Evolutivamente falando, uma voz sexy é bem parecida com aquelas de locutor de rádio brega, praticamente um sussurro rouco.

Um dos mais famosos estudos sobre sexo e a busca do companheiro foi realizado em meados da década de 1980, com mais de dez mil pessoas de 37 culturas. O objetivo era saber o que homens e mulheres procuravam no companheiro ideal. O levantamento mostrou que, independentemente de cultura, religião, idioma ou localização geográfica, todos buscavam os mesmos atributos físicos.

Nas mulheres, juventude e beleza são fundamentais, mas não se trata de frivolidade pura. Segundo as teorias evolutivas, tais características indicam saúde, fundamental para uma gravidez bem-sucedida. Os sinais físicos de juventude são conhecidos de todas as mulheres que já passaram dos 30 (idade em que a gente começa a tentar amenizar os sinais do tempo). Vamos a eles: cabelos compridos e claros. “Pessoas saudáveis têm o cabelo lustroso e brilhante, diferentemente de pessoas doentes. Durante uma doença, o corpo precisa retirar todos os nutrientes disponíveis para combatê-la. Como o cabelo não é essencial para a sobrevivência, é o primeiro ponto de onde o corpo irá retirá-los. Por isso, a saúde deficiente de uma pessoa aparece primeiro nos cabelos”, dizem os psicólogos evolutivos Alan Miller e Satoshi Kanazawa no livro “Por que Homens Jogam e Mulheres Compram Sapatos”.

Além de dar prazer, o sexo diminui o risco de câncer, previne problemas cardíacos e estica a vida. Tá esperando o quê?

Se o motivo mais conhecido para deixar a tal da química do desejo rolar não for suficiente, a ciência tem descoberto mais razões para se render aos seus instintos mais primitivos. Sexo, além de ótimo, faz bem para a saúde. Eis mais argumentos para praticar sempre.

• Bem-estar O orgasmo libera no cérebro substâncias químicas chamadas endorfinas, que nos deixam mais calmos, afastando o estresse. Além disso, também faz circular na corrente sangüínea substâncias analgésicas, o que ajuda a aliviar dores em geral (incluindo a de cabeça; não tem mais desculpa!), e aumenta a produção de estrogênio e testosterona, hormônio que mantém os ossos e a musculatura saudáveis

• Vida longa As endorfinas liberadas durante o orgasmo estimulam o sistema imunológico a combater doenças. O clímax também aumenta a circulação sangüínea, o que ajuda o organismo a se livrar de toxinas

• Coração mais saudável Um estudo realizado na Inglaterra mostrou que manter relações sexuais duas ou mais vezes por semana diminui pela metade os riscos de ataque cardíaco fulminante em homens, comparado com aqueles que fazem sexo menos de uma vez por mês

• Menos risco de câncer de próstata Ejaculações freqüentes (vale masturbação também), especialmente para homens na faixa dos 20 anos, diminui os riscos de desenvolver câncer de próstata no futuro, segundo estudo britânico

• Durma melhor A oxitocina, hormônio liberado durante o orgasmo, ajuda a melhorar o sono. E estudos mostram que quem dorme melhor consegue manter o peso e a pressão sangüínea

• Mais sexo = menos academia Durante uma relação sexual, todos os músculos do corpo são colocados para trabalhar. Quem se esforça bastante pode queimar até 300 calorias por hora

• Pele boa Nada como um orgasmo para deixar a pele macia e sem rugas e os cabelos brilhantes, graças ao aumento da produção de hormônios desencadeada pelo clímax."

 

Fernanda Colavitti

Revista Galileu – edição 203 – junho 2008

http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG83913-7855-203-1,00-A+CIENCIA+DA+ATRACAO.html