Duas coisas são essenciais na vida: Teto e afeto.
Teto com afeto é lar.
Casa só se torna lar quando comporta marcas na parede registrando o crescimento do menino, xícara com asinha lascada de tanta prosa e chá, panela queimada no clássico de domingo, saudade estampada no porta retrato da sala.
Não importa quão longe você queira ir, não importa de quem você deseja fugir, seu lar é onde seu coração está.
Ele segue com você e não é preciso ser como Carl, personagem do desenho "Up Altas Aventuras"_ viúvo de 78 anos que para manter uma promessa feita à falecida esposa, sai com a casa pelos ares amarrada a balões de gás_ para entender que nos livramos de telhas e tijolos, mas ficamos atados àquilo que um dia transformou toda essa arquitetura num lar de verdade.
É difícil fechar a porta quando as lembranças criaram raízes e a poeira é relíquia de tempos bons. A gente recomeça e sem querer está repetindo a mesma organização, tentando eternizar aquilo que é familiar.
"Lar" pode ser alguém _ geralmente é.
É pra lá que nosso coração se dirige quando encontra-se perdido, exilado, estafado.
Não importa a mobília, a decoração, a sofisticação _ O coração não tem memória palpável mas reconhece o que é verdadeiramente humano.
No fundo, queremos apenas nos sentir seguros_ simplesmente "em casa".
Fabíola Simões