sannyasin1

 
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1 anno 263 giorni fa

QUEM SÃO NOSSAS CRIANÇAS E O QUE PODEMOS APRENDER COM ELAS.

QUEM SÃO NOSSAS CRIANÇAS, E O QUE PODEMOS APRENDER COM ELAS.

 

"Já ha alguns anos, tenho pensado e analisado, que nós adultos estamos chegando a um nível de conceito de valores que estão fugindo do controle de nós mesmos, e em virtude dessa análise cheguei à conclusão que precisaríamos parar um pouco, e observar algo que fosse eterno e imutável; algo que não tivesse sido atingido por essas mudanças impensadas e egoísticas; algo que ainda pudesse nos acordar; um exemplo que nos fosse vivo e atuante; original, imaculado, puro, verdadeiro, incontestável. Então vi que tudo isso já fazia parte em nossas vidas; estava ali; na nossa cara; atuando todos os dias, e só precisávamos tirar as vendas, observar, vislumbrar e re-aprender."

A força espiritual das crianças e a magia do amor que elas derramam em torno de si não são   frutos do acaso. São efeitos práticos da lei da evolução e da reencarnação. A filoso-fia esotérica ensina   que na primeira grande etapa do processo pós-morte a alma passa uma temporada em kama-loka   (local dos desejos) e ali há uma purificação. Depois,no segundo estágio, chamado de devachan ou   local dos deuses em sânscrito, a alma vive uma exaltação espiritual e uma longa bem-aventurança.   Esse estágio é tão duradouro, cronologicamente, que se atribui a ele "uma eternidade". Daí a idéia  ocidental de que o Paraíso é eterno: o cristianismo bebeu na fonte das religiões mais antigas.

Quando a alma imortal termina seu descanso, deseja ter novas experiências no mundo. Então ela   decide levar sua evolução a novas etapas, resgata a "vontade de viver" e provoca o processo que leva   a outra encarnação. Ela traz para o mundo, durante os pri-meiros anos da nova vida, grande parte   daquela bem-aventurança, bondade e pureza que caracterizam o devachan(1).

Uma criança que encanta a alma das pessoas com seu sorriso estimula nos adultos a capacidade   de amar e de compreender. Recém chegada do Reino dos Céus, ela traz consigo o perfume sagrado   da etapa celestial que há entre uma encarnação e outra. Ela faz acordar a criança imortal dentro de   cada um. O sorriso infantil que se abre como um sol cura instantaneamente as feridas da alma.

Uma criança não é só um símbolo da inteligência espiritual e da compaixão universal. Ela é de   fato uma consciência sagrada. Sua alma ainda não se materializou. Seu corpo é um tênue ponto de   apoio na Terra. A pesada mão do mundo não teve tempo de descer sobre ela, prendendo-a aos cinco   sentidos e a dezenas de ansiedades e obrigações pessoais.

Há também uma semelhança entre as duas extremidades do ciclo humano. É uma tradi-ção do   povo japonês que, ao completar 60 anos, se comemore com uma festa a volta à infância. A velhice é   a idade da sabedoria, mas também é a etapa da vida em que podemos voltar a ser puros como as   crianças e viver - como elas - momento a momento.

Na outra ponta do ciclo, cada jovem grávida deve ser vista com respeito e admiração, porque ao   olhar para ela vemos uma fotografia do processo cósmico pelo qual a vida se reproduz. A criança que   cresce dentro do corpo da sua mãe é como um pequeno templo dentro de um templo maior. A   gravidez de cada mulher é um fato divino, porque realiza a manifestação periódica, no mundo,   daquilo que é eterno e transcendente.

O nascimento, por sua vez, é a passagem por um portal sagrado. O ser humano recém-nascido   traz consigo o mistério do advento, e também tem em sua bagagem a memória acumulada das   experiências anteriores da humanidade. Assim, o corpo humano deve ser respeitado e apreciado. Ele   é o santuário habitado por uma alma imortal

É certo que as crianças são o futuro de uma sociedade. Mas elas também revelam algo sobre o   presente. Pode-se saber o estado de alma de um povo observando apenas o modo como este povo trata suas   crianças.

O pensador oriental C. Jinarajadasa escreveu um pequeno livro em que narra o papel que as crianças   tiveram no despertar de uma nação. A narrativa é uma parábola. Ele conta que, depois de   experimentar inúmeras formas de governo, os cidadãos de certo país, cansados de tanta insatisfação,   decidiram proibir as reclamações.

Agora seria preciso conviver com os erros uns dos outros. A princípio foi um caos. Em seguida, tiveram de desenvolver uma grande dose de paciência. Como ninguém podia reclamar dos outros, cada cidadão só tinha uma alternativa: corrigir os seus própriosdefeitos.

Jinarajadasa escreve:

"À medida que cada um fazia seu próprio treinamento em paciência, notava um fato novo e  estranho em si mesmo. A pessoa ficava interessada no que as crianças andavam fazendo. Enquanto a   nuvem de pré-ocupação consigo se dissipava, o cidadão ia ficando fascinado pela vida das crianças. Os   gestos e os sorrisos das crianças pareciam trazer uma lembrança de algo doce e bonito, que a alma   havia conhecido um dia, mas esquecera. A dor da vida, que o cidadão carregava consigo todo o   tempo, parecia ficar um pouco mais esquecida, enquanto ele olhava as crianças brincando. Pensar,agora, era um pouco menos confuso. As pessoas pareciam mais rápidas em compreender as coisas   com seu próprio pensamento - tudo porque haviam começado a amar melhor as crianças. (...)

Foi   então que um fato novo, e mais assombroso, começou a ser descoberto por aqueles que,   desenvolvendo a paciência, aproximavam-se mais e mais da vida das crianças. Quando eles olhavam   uma criança que brincava, e recebiam o sorriso gracioso e confi-ante dela, começavam a notar que a   contraparte daquela criança graciosa estava em si mesmos. Por mais velho que alguém pudesse ser,   por mais ferido e cansado pela bata-lha da vida, sempre cada criança parecia acordar uma contraparte   em algum lugar no íntimo da pessoa. Em pouco tempo as pessoas passaram a ter necessidade de ver
crianças; de uma maneira totalmente inesperada, elas traziam pureza ao coração e à mente. (...) Com   o crescimento do amor pelas crianças, cada um começou a ter uma nova compreensão de si   mesmo..."

Crianças e jovens ensinam e estimulam três coisas essenciais ao coração dos mais velhos: a   sinceridade, a simplicidade e a autenticidade. As artimanhas da astúcia devem ser abandonadas para   que possamos ser íntegros como uma criança e inofensivos como uma pomba. É claro que, ao mesmo   tempo, devemos ter a prudência de uma serpente.

Um domingo cheio de Luz para todos.

E uma semana leve e realizadora.             Om Shanti.