poderosothor

 
belépett: 2011.04.05
" ... Há seres duros de pedra, mas o vento brando e constante consegue modifica-los."
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A ÉPOCA DO “FAKE” E SUAS HISTÓRIAS

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Existiu uma época na internet onde havia um segundo mundo no nosso próprio mundo. Doido? Real! Dentro do Orkut, existia o universo fake, onde todos eram quem quisessem ser e faziam o que bem entendessem de suas vidas, com descrições detalhadas nos tópicos das comunidades, bastante bom humor e muito Photofiltre Studio. Haha! A febre pegou mesmo lá pra 2006 e rolou até meados de 2012, quando as pessoas foram crescendo, assumindo novas responsabilidades e o Orkut foi morrendo, com a migração em massa para o Facebook. Mas você pensa que acabou por aí? Nada disso! Muitas histórias se desenrolaram e inúmeros adolescentes descobriram suas vocações, orientações sexuais, novas amizades e amores por conta da brincadeira online.

Por isso, quando encontramos o grupo “Amiguinhos do Fake”, criado no Facebook para reunir aquelas pessoas (já são mais de 30 mil!) que dividiam o tempo entre a escola e a internet, passamos boas horas conferindo as histórias imperdíveis que encontramos por lá. E nossa amada Bruna Vieira, que também viveu intensamente esta época, se inspirou e gravou um vídeo sobre o assunto. Olha só:
https://www.youtube.com/watch?v=PeP7Nk0eqH8
Maravilhoso! :D E não acabou por aí, tá? Não resistimos e escolhemos alguns dos melhores relatos do grupo no Facebook, pedimos a autorização das pessoas para que eles fossem publicados (é claro!) e criamos este post divertido! Então vem com a gente e embarque nessa sessão nostalgia. \o/
As histórias:
“Entrei no fake em 2007 e, um ano depois, no dia 13/03/2008, conheci a melhor amiga que pude ter na vida, com quem, hoje, quase dez anos depois, ainda posso contar. Graças ao fake, construímos uma amizade que vai além do ‘amigas virtuais’, somos irmãs, parceiras, maridas e, apesar de tudo pelo que passamos, nos amamos muito. Quando o sentimento é verdadeiro, nem a aparência e nem a distância atrapalham. Gostamos do que a pessoa nos faz sentir, criamos afeto com o que ela tem por dentro. Com certeza, essa foi a melhor coisa que o fake me trouxe, falamos pelas redes sociais, ligamos a webcam, telefone, etc. Temos carinho pela família uma da outra, nos conhecemos e nos ajudamos há quase uma década. Com certeza é uma relação que existe muito além de um perfil fake.” Amanda Silveira

“Eu sempre fui uma criança/adolescente com graves problemas de obesidade e, como reflexo disso, um grau de sociabilidade restrito a determinadas relações, já que a insegurança e a falta de autoestima bloqueavam todas as outras coisas que eu poderia fazer. Quando achei o fake, percebi que, ali, havia um espaço em que eu poderia partir de singelos níveis de conversa até um romance, sem o meu peso pela estética trazendo problemas a mim mesmo. Eu nunca contei pra ninguém o quão grande eu era, ninguém sabia quem era meu off, mas todos sabiam tudo sobre mim. Era ali o único lugar em que eu podia ser abertamente a pessoa que eu era e não me preocupar com todos os reflexos da obesidade. A moral tem critério estético em todos os espaços, porém ali era um local onde isso não ocorria. As pessoas gostavam de mim independente de como eu fosse. E eu agradeço a vocês por isso. 
Depois que emagreci, contei pra todos com quem ainda tinha contato da época do fake a história real e, mesmo assim, me entenderam e foram da maior empatia possível. (…) Espero que todos continuem as pessoas maravilhosas que sempre foram. Hoje em dia, eu faço Ciências Sociais e quero trabalhar pesquisando sobre obesidade infantil e seus reflexos no espaço de educação.” F.G

“Ele mora em Recife e eu em São Paulo. Sempre foi assim. Nos conhecemos no fake em 2007 e, de cara, eu me apaixonei por ele. Logo trocamos off e começamos essa relação louca de amor que temos: nos falávamos todo dia pelo MSN, eramos melhores amigos, sempre contando tudo um pro outro sobre a vida que vivíamos tão longe e tão perto. Lembro da nossa vontade doida de se conhecer, planejando uma coisa tão distante. Até que, no começo de 2010, surgiu a oportunidade de ir pra Recife e nos conhecemos. Foi uma das coisas mais incríveis que já vivi, conhecê-lo ao vivo e sentir que nos conhecíamos a vida inteira! Desde então, sempre tentamos nos ver, ele veio para São Paulo quando eu passei por um momento difícil, e com ele eu sempre senti segurança e amor para estar bem. Nessa época, começamos a namorar. Hoje, nos conhecemos há quase dez anos e namoramos há seis. Ele sempre esteve e está ao meu lado, nessa coisa louca de se falar sem estar perto. Ele já veio diversas vezes para cá e, no começo do ano passado, fiquei em sua casa por um mês (nunca fui tão bem recebida e querida em um lugar). Ele me apresentou Recife, por onde sou completamente apaixonada e louca por sua cultura e pessoas. Nosso maior sonho é morar juntos, dividir cidade, casa e vida – e sei que isso está perto, a cada dia que passa sinto que nosso caminho está indo para essa direção. Ele é a pessoa mais incrível que eu já conheci!” R.T

“Tudo que eu vivi no fake me deu uma grande base pra começar a realizar um pequeno sonho: escrever um livro. Ele ainda está em produção, por falta de tempo (haja visto que tenho faculdade, trabalho, curso), mas tenho a esperança de terminá-lo este ano.” Joana Eduardo

“Conheci o amor da minha vida em 2011, no fake. Namoramos por 4 anos e, há 6 meses, nos casamos no Rock in Rio. Somos felizes demais com nossa família, formada por nós duas e uma vira-latas, a Blue Ivy.” Mayara Monteiro

“Antes de entrar pro fake, eu era uma pessoa muito tímida e nem sabia direito puxar assunto com alguém. Aquilo ali foi meio que uma escola pra mim, aprendi até mesmo a perdoar – coisa que eu não sabia na época -, pois vi que a maioria das pessoas que eu conhecia mentiam. Hoje, eu tento ao máximo conversar com todos, brincar, ser agradável. Coisas que antes eu não sabia ser. Eu era muito ogra – ainda sou -, mas consigo controlar. Agradeço ao fake por tudo o que ele me proporcionou e por tudo o que eu aprendi ali. Foram os melhores anos da minha vida.” Gabryella Faria

“Foi em 2009, ano em que, por acaso (ou obra do destino), sete meninas resolveram entrar em uma comunidade de fãs da Selena Gomez pelo fake. E, em meio a tantos membros, fomos construindo uma amizade, fizemos grupo no MSN, nos falávamos todos os dias, nos adicionamos também pelo off e viramos todas melhores amigas. Só tinha um detalhe, três eram do Rio, uma de Minas Gerais, uma de SP, uma de Curitiba, uma de SJC e uma de POA. Mas desde quando isso foi um empecilho? Vi pessoalmente minha melhor amiga meses depois, viajei para a cidade dela e a conheci. Foi lindo, o primeiro encontro do grupo! Continuamos nos vendo sempre, apesar de não sermos do mesmo estado. Foi passando o tempo, o Orkut deixou de existir e nós temíamos que fosse o fim. Ele não acabou. Migramos todas pro Facebook, fizemos um novo grupo e continuamos nos falando todos os dias, compartilhando nossas vidas e nossas histórias. Muitos outros encontros já aconteceram e estas sete foram uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida. São muitas as dificuldades, mas continuamos nos falando e nos vendo. Essas serão daquelas que vou manter na minha vida até os meus 80 anos. E tudo isso graças ao fake, a melhor coisa da internet!” Alessandra Gama

“Graças ao RPG e ao mundo fake posso dizer que tive uma grande ajuda na minha carreira, na área de treinamento. Utilizar o RPG como dinâmica de grupo foi essencial para mim e, hoje, isso é tendência nas empresas e nas áreas de treinamento!” Fabiola Sampaio

“Em 2014, ter um fake me possibilitou pensar e fazer algo que me deu gás pra continuar a seguir uma vida acadêmica. No ano do tão temido TCC, eu escolhi falar sobre o fake, e não me arrependo nem um segundo de ler sobre coisas incríveis pra falar sobre o assunto. Por isso, hoje, agradeço a todos os amigos que passaram pela minha vida no fake, muitos deles ainda estão na minha lista do Facebook, outros fazem parte real da minha vida. Amei, chorei, sofri, brinquei, zoei e fiz muito mais que eu imaginei no fake, e isso me tornou o que sou hoje, e sou eternamente feliz e grata. E ah, só pra me achar um pouquinho, tirei 10 no TCC!” Bruna Ribeiro

Muito legal saber que o mundo fake proporcionou tantos encontros, descobertas e vivências bacanas, né? Afinal, é mais uma prova de que a internet pode nos dar muitas coisas boas! E você? Também teve um fake? Tem alguma história legal pra contar pra gente? Comenta aí! \o/

*Os depoimentos foram editados, mas bem pouquinho, só para uma melhor compreensão!