Depois das favas contadas, eis um
forrobodó de expressões portuguesas
TER 15 MINUTOS DE FAMA - SER CONHECIDO POR BREVES INSTANTES
"No futuro, todos serão famosos durante 15
segundos". Esta é a frase original que pertence ao artista plástico Andy
Warhol que, em 1968, inscreveu estas palavras no catálogo de uma exposição sua
para o Museu de Arte Moderna de Estocolmo
DAR O AMOQUE - TER UMA VARIAÇÃO DE HUMOR DRÁSTICA
'Amoque' é a
adaptação portuguesa da palavra malaia 'amok'. O termo chegou até nós através
do romance do escritor austríaco Stefan Zweig: 'Amok', traduzido por 'O Louco
da Malásia'
À LAGARDÈRE - AGIR DE FORMA IMPROVISADA, RUDE
O termo vem do romance 'Le Bossu' do escritor francês Paul
Féval. O protagonista, o cavaleiro Henri de Lagardère, torna-se lendário pela
sua bravura e pela arte de bem esgrimar
FORROBODÓ - GRANDE FESTANÇA.
'Forrobodó' era o nome de uma opereta brasileira que estreou
a 11 de junho de 1911 no Teatro S. José, no Rio de Janeiro. O texto satirizava
a sociedade carioca da época, incluindo os seus hábitos e costumes, e era
acompanhado pela música da famosa compositora Chiquinha Gonzaga
O REI VAI NU - DISFARÇAR INTENÇÕES OU FRAGILIDADES
Tem origem no conto
'O Rei Vai Nu' de Christian Andersen que conta a história de um rei que mandou
fazer um fato com os mais finos tecidos da época. Os alfaiates enganaram-no,
dizendo-lhe que tinham feito um fato que só os inteligentes podiam ver. O rei
olhava-se ao espelho e via-se nu, mas para não admitir a pouca inteligência
elogiou o facto que, na verdade não existia, e decidiu desfilar pelo reino.
Ninguém teve coragem de abrir a boca, excepto uma criança que disse o que todos
pensavam: "o rei vai nu"
DEITAR A TOALHA AO CHÃO - DESISTIR
Expressão vem dos desportos de combate, como o boxe, nos
quais o treinador ou o médico do lutador têm que atirar a toalha para o chão do
ringue como sinal de desistência
SER ROSCOFE - TER POUCA QUALIDADE, NÃO SER DE CONFIANÇA
No início do século XX surgiu uma marca - Roskopf - que
fazia imitações dos relógios caros para a camada menos abastada da população.
Porém, logo se começou a dizer que a marca Roskopf não era de fiar, pois os
relógios não eram exatos
SER O PATINHO FEIO - SER ADMIRADO SÓ DEPOIS DE SER
DESPREZADO
Também tem origem num conto de Christian Andersen, segundo o
qual um pequeno cisne é adoptado por uma família de patos, mas é visto com
desdém por ser diferente. Mas tudo muda quando se transforma num belo cisne,
passando, então, a ser admirado
ANDAR A MONTE - ANDAR FORAGIDO
Origem da expressão remonta ao século XVIII ou XIX quando a
larga maioria da população vivia nas zonas serranas. Assim, quando alguém tinha
problemas com a justiça só lhe restava fugir e de preferência para os montes e
montanhas que tão bem conhecia
ANDAR AOS PAPÉIS - ANDAR PERDIDO, EM BUSCA DE ALGO
A origem desta expressão remete para os trapeiros e
recoletores de lixo que buscavam por sobras no lixo com as quais se pudessem
governar. Uma das sobras mais procuradas eram os papéis, pois podiam ser
revendidos
ARROTAR POSTAS DE PESCADA
Falar mais do que se sabe Antigamente, a pescada era
consumida apenas pelas camadas mais altas da população, uma vez que as mais
baixas só podiam comer bacalhau e sardinha. Assim, a expressão designa quem
fala com mais vaidade do que aquela que a sua condição permite
ÁRVORE DAS PATACAS - SITUAÇÃO FAVORÁVEL
No tempo do Império Português, muitos eram aqueles que iam
para o Ultramar na tentativa de enriquecerem. Naquela época, a moeda de Macau
era a pataca, bastante valiosa. A ida dos portugueses para fora era no sentido
de conseguirem reunir muitas patacas, como se para isso bastasse abanar uma
árvore
ASSENTAR ARRAIAIS - ESTABELECER-SE COM FIRMEZA
Antigamente, os acampamentos do exército eram conhecidos por
arraiais. Assentar arraiais significava montar um acampamento militar para se
continuar a luta pela expansão do território português
ANDAR NOS TRINQUES - ANDAR BEM VESTIDO
Na origem da expressão está a palavra francesa 'tringle',
que em português foi traduzida para 'trinque' para designar o varão onde se
pendurava a roupa nova. A expressão chegou a Portugal no século XVII, entrou em
desuso, virou moda no Brasil e regressou a Portugal nos anos 70 com as novelas
brasileiras
COCHINCHINA - LOCAL MUITO DISTANTE
Pode pensar que não, mas a Cochinchina existiu mesmo. Era,
aliás, a parte mais meridional do Vietname, a leste do Cambodja. Cochin é a
fonética para o respectivo ideograma chinês. Durante a ocupação francesa era
conhecida como Cochinchina.
CONTO DO VIGÁRIO - TRAPAÇA FEITA PARA ENGANAR AMBICIOSOS
Expressão resulta da forma como os vigaristas burlavam os
ambiciosos. Reza a lenda que um vigarista aproximava-se de uma pessoa,
pedindo-lhe que fosse entregar a mala do vigário que trazia, e que estava cheia
de notas, a determinado local, uma vez que ele, vigarista, não podia por uma ou
outra razão. Como ia entregar todo o dinheiro, o burlão pedia uma ajuda
monetária à pessoa que ficava com a mala, pois ficava sem qualquer tostão no
bolso para uma eventualidade. Desta feita, as pessoas davam algumas notas ao
intrujão que desaparecia. Os burlados só depois se apercebiam de que no
interior da mala não havia dinheiro, mas sim papéis
CORTINA DE FERRO - SEPARAÇÃO ENTRE A EUROPA OCIDENTAL E A DE
LESTE
A frase não pertence a Churchill, mas sim ao líder nazi
Goebbels que escreveu o seguinte no último artigo por si publicado no jornal
Das Reich, a 25 de fevereiro de 1945: "Uma cortina de ferro tombará sobre
este enorme território controlado pela União Soviética, atrás da qual as nações
serão massacradas"
A CASCAIS, UMA VEZ E NUNCA MAIS
Expressão terá origem no final do século XIX quando os
acessos à vila eram maus e dificultava as viagens
OS TRÊS DA VIDA AIRADA: COCÓ, RANHETA E FACADA - TRÊS
PESSOAS QUE ESTÃO SEMPRE JUNTAS
A primeira vez que encontramos a expressão, que designa o
facto de três pessoas andarem sempre juntas a fazer disparates, é no jornal
satírico 'A Paródia', de Rafael Bordalo Pinheiro, entre 1900 e 1905
CAI O CARMO E A TRINDADE - QUANDO HÁ UM ESCÂNDALO OU UM
DESCALABRO
A expressão remonta ao ano de 1755, mais precisamente após o
tsunami que destruiu Lisboa. Os dois conventos, que se situavam na antiga
freguesia do Sacramento, foram afectados pelo sismo que abalou a capital. Caiu o
(convento do) Carmo e (o convento da) Trindade.
CHIQUE - ALGUÉM MUITO ELEGANTE
Há duas explicações. Uma remete-nos para Chicque, o discípulo
do pintor neo-clássico David que era descrito como alguém muito elegante. Outra
chega-nos da Alemanha: Schick é o termo alemão para "boas maneiras"
ou "requinte"
CASANOVA - SER UM GALÃ
Existiu efectivamente o Casanova. Chamava-se Giacomo Girolamo
Casanova (1725-1798) e era um militar, escritor e eclesiástico sedutor que
ficou com fama de galã
CATRAIA - MOÇA JOVEM
É difícil perceber a ligação entre a sua aplicação e a sua
origem, uma vez que catraias eram pequenos barcos a remos muito rápidos que
cruzavam o Tejo, transportando quem ia a banhos
BOLAS DE BERLIM
Não se trata de uma expressão, mas da origem de um dos bolos
mais consumidos em Portugal. A bola de berlim chegou até nós durante a Segunda
Guerra Mundial, tendo sido trazida por refugiadas alemãs. Como estas não podiam
trabalhar, pois estavam ilegais no país, dedicavam-se ao negócio da doçaria
tradicional para irem ganhando algum dinheiro
BRIGADA DO REUMÁTICO - UM GRUPO DE PESSOAS MAIS VELHAS
Esta expressão tem origem em março de 1974 quando, um mês
antes do 25 de Abril, um grupo de generais se juntou para prestar o seu apoio e
o das Forças Armadas ao presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano
BEBER UMA IMPERIAL
Uma imperial mais não é do que cerveja tirada à pressão. Mas
por que razão dizemos 'imperial'? A resposta é simples. A primeira fábrica a
comercializar cerveja desta forma em Portugal chamava-se Germânica Imperial.
Mais tarde (1916) foi nacionalizada e mudou o nome para Cervejaria Portugália
BALDE ÁGUA FRIA - NOTÍCIAS QUE QUEBRAM O ENTUSIASMO
Antigamente era costume atirar baldes de água fria a pessoas
com distúrbios do foro mental. Este hábito não curava, mas acalmava os ânimos
DAR A MÃO À PALMATÓRIA - RECONHECER OS PRÓPRIOS ERROS
Antigamente eram permitidos castigos corporais na escola. A
palmatória era uma régua de madeira grossa com sete buracos que os professores
utilizavam para castigar os alunos. Estes, por sua vez, davam (literalmente) a
mão à palmatória, reconhecendo (por iniciativa própria ou sendo obrigados) os
seus erros
PARECE UM DISCO RISCADO - ESTAR SEMPRE A DIZER O MESMO
Os discos de música em vinil eram colocados no prato do
gira-discos para serem lidos por uma agulha. Porém, com o uso, a agulha acabava
por riscar o disco o que fazia com que o som 'empancasse' e fosse repetido
vezes sem conta até que o gira-discos fosse desligado
ÉS DE BRAGA? - ALGUÉM QUE NUNCA FECHA AS PORTAS
Reza a lenda que a velha porta principal da cidade de Braga,
na Rua do Arco da Porta Nova, nunca estava fechada
DON JUAN - UM HOMEM MULHERENGO
O escritor Tirso de Molina criou, no século XVII, a
personagem teatral D. Juan, cujo mito foi recuperado mais tarde por Molière
('Don Juan, ou le Festin de Pierre') e por Mozart com a ópera Don Giovanni
FICAR A VER NAVIOS - QUANDO AS EXPECTATIVAS DE ALGUÉM SÃO
DEFRAUDADAS
Há várias explicações para esta expressão. Uma prende-se com
a morte de D. Sebastião, pois diz-se que eram muitas as pessoas que iam para o
Alto de Santa Catarina ver os navios que chegavam na esperança de que algum
trouxesse o rei. Outra explicação prende-se com a fuga da família real para o
Brasil aquando das invasões francesas. As tropas de Junot ficaram a ver navios,
pois D. João VI e a família já haviam fugido
DAR ÁGUA PELA BARBA - ALGO QUE DÁ GRANDES DIFICULDADES A
ALGUÉM
A barba é, em termos náuticos, a proa de uma embarcação.
Quando a água está pela barba, a situação é preocupante para a estabilidade do
barco
HÁ MAR E MAR, HÁ IR E VOLTAR - PRUDÊNCIA
A expressão foi criada por Alexandre O'Neil para uma
campanha de segurança nas praias, mas rapidamente a população se apropriou dela
para falar sobre a necessidade de prudência e cautela em determinada situação
ESTAMINÉ - UM LOCAL
O estaminé pode ser usado para qualquer tipo de espaço ou
lugar. A sua história leva-nos à França do início do século XX onde o
'estaminet' era um vulgar café ou loja que existia essencialmente para
abastecer os soldados das trincheiras
TRIGO LIMPO, FARINHA AMPARO - ALGO QUE É MAIS DO QUE CERTO
Trata-se do slogan da Farinha Amparo que, no spot
publicitário, dava como certa a qualidade da farinha. Mais uma vez, o povo
apropriou-se da frase para a usar no quotidiano
ESTAR COM A CORDA TODA - FALAR SEM PARAR
A corda remete-nos para os antigos relógios e brinquedos que
funcionavam através de mecanismos de corda. Quando estavam com a corda toda
enrolada moviam-se mais depressa ou com maior tempo de duração
FILA INDIANA - CAMINHAR EM FILA
O caminhar em fila foi aprendido com os nativos americanos
que caminhavam em fila para disfarçar o número de elementos do grupo e poder
atacar de surpresa
ESTAR XEXÉ - NÃO ESTAR BEM DA CABEÇA
Xexé era uma figura cómica do Carnaval português no final do
século XIX e início do século XX. Tinha um ar de velho tonto e só dizia
disparates
FAZER SALAMALEQUES - FAZER GRANDES VÉNIAS
A origem desta expressão está na saudação muçulmana Salam
Alaikum ('Que Alá esteja contigo'). Salamaleque é uma corruptela da expressão
original
SER UM GATO PINGADO - SER ALGUÉM SEM GRAÇA
No Japão existia uma tortura que consistia em despejar
pingos de óleo a ferver sobre a pele de um infeliz. Os recipientes de onde
pingava o óleo tinham forma de gato
IR FAZER TIJOLO - MORRER
Existia um antigo cemitério mouro na área da Rua do Tijolo.
Após o sismo de 1755, os populares aproveitaram os materiais do cemitério
desactivado para reconstruir a cidade. Mas muitas vezes iam ossadas misturadas
que iam... fazer tijolo
DAR O GRITO DO IPIRANGA - DAR UM GRITO DE REVOLTA
"Independência ou morte". A frase, em forma de
grito, terá sido proferida por D. Pedro IV, regente do Brasil, a 7 de setembro
de 1822 nas margens do rio Ipiranga. Terá sido aqui que começou o caminho para
a independência da antiga colónia portuguesa
IR AOS ARAMES - ZANGAR-SE
Origem desta expressão leva-nos às trincheiras, mais
especificamente aos soldados que tinham por missão sair da segurança das
trincheiras para repararem os arames farpados da chamada terra de ninguém.
Felizes é que eles não ficavam...
METER O ROSSIO NA RUA DA BETESGA - COLOCAR ALGO MUITO GRANDE
NUM ESPAÇO MUITO PEQUENO
O Rossio é um largo central, enquanto a rua da Betesga é uma
rua estreita que liga o Rossio à Praça da Figueira. A expressão também pode ser
usada para se dizer que se pretende colocar muitas pessoas (que cabem no
Rossio) num espaço muito pequeno (rua da Betesga)
LITERATURA DE CORDEL - LITERATURA DE FRACA QUALIDADE
Nos séculos XVIII e XIX, os livros populares sobre histórias
de crime e amor eram expostos nas bancas presos por um cordel
LUGAR AO SOL - LUGAR DE RELEVO
Expressão vem do filósofo francês Blaise Pascal (1622-1662)
que, em 'Pensamentos', escreveu: "Este é o meu cão; dirão essas crianças
pobres: este é o meu lugar ao sol"
MORDER OS CALCANHARES - ALGUÉM QUE ESTÁ MUITO PRÓXIMO DE
OUTRA PESSOA
Mais uma expressão de origem náutica. A ordem de 'morder os
calcanhares' é dada por um oficial quando quer que os homens subam às enxárcias
do navio muito juntos e uns após os outros. Quase como se mordessem os
calcanhares uns aos outros
HÁ DE TUDO COMO NA FARMÁCIA - LOCAL ONDE HÁ TUDO O QUE SE
PRECISA
A expressão original é "Há de tudo como na
botica", pois as antecessoras das farmácias eram as boticas. Por seu
turno, os boticários eram conhecidos por terem - nas boticas - todo o tipo de
mezinhas
O CLIENTE TEM SEMPRE RAZÃO
Era o lema dos célebres armazéns ingleses Selfridges
fundados, no início do século XX, por Gordon Selfridge
NÃO HÁ ALMOÇOS GRÁTIS - TUDO TEM UM PREÇO
Expressão surgiu no século XVIII quando os pubs ingleses
começaram a oferecer acepipes (aperitivos) aos clientes para acompanhar as
bebidas ou refeições. Mas alguns clientes pediam os acepipes sem consumirem
nada, o que levou os donos dos pubs a dizerem que "não há almoços grátis"
MATAR O BICHO - TOMAR O PEQUENO-ALMOÇO
Esta expressão remonta ao século XVI quando uma senhora da
corte morreu de forma suspeita. Feita a autópsia foi descoberto um verme vivo
no coração da madame que só morreu depois de ter sido colocado num frasco com
uma substância alcoólica. A partir daí os médicos recomendaram que se
consumisse uma bebida alcoólica ao pequeno-almoço para 'matar o verme (bicho)
UMA PEQUENA DISTRACÇÃO É A MORTE DO ARTISTA
Crê-se que esta expressão esteja relacionada com o trabalho
perigoso dos trapezistas do circo
NÃO TER DINHEIRO PARA MANDAR CANTAR UM CEGO - ESTAR NA
MISÉRIA
Porque se a miséria for mesmo muita é impossível dar uma
esmola a um cego
CHEIAS DE NOVE HORAS - PESSOAS PRESUNÇOSAS
No século XIX, os bons-costumes ditavam que as visitas
terminassem às nove horas. Uma pessoas cheia de nove horas era alguém que
colocava fim a uma visita àquela hora independentemente se a conversa estava a
fluir ou não
DO TEMPO DA MARIA CACHUCHA - DE UMA ÉPOCA MUITO ANTIGA
Expressão vem de Espanha onde existe a lenda da Maria
Castaña, uma senhora que convenceu o marido a não pagar impostos. Com os anos,
os portugueses adoptaram a frase, mas mudaram Castaña para Cachucha. E Maria
Cachucha passou a ser também uma dança popular do século XIX
PANDEMÓNIO - CONFUSÃO
A palavra pandemónio é formada pela junção dos termos gregos
pan (todos) e daimon (demónio), mas só foi criada no século XVII pelo escritor
inglês Milton no seu poema 'Paraíso Perdido', o local onde habitava Satanás.
Com o tempo perdeu-se a conotação demoníaca
PÉ-DE-MEIA - POUPANÇA
Antigamente, as pessoas de menos posses guardavam o dinheiro
em casa, mais especificamente no interior de meias. Na época, as peúgas eram
denominadas pé de meia
PÔR-SE NA ALHETA - FUGIR
Esta expressão tem origem náutica. A alheta é a junção da
popa com o costado que se lhe segue para vante. É também a direcção que fica a
meia distância entre a popa e o través
POSIÇÃO DO MISSIONÁRIO - POSIÇÃO SEXUAL
Os missionários tentaram ensinar aos indígenas, durante os
Descobrimentos, que esta era a posição sexual (o homem por cima da mulher com
contacto visual directo) moralmente aceitável
OLHA O PASSARINHO!
Expressão que se usa no momento de tirar uma fotografia.
Tudo porque os fotógrafos do início do século tinham, no topo das suas máquinas
enormes e pesadas, um pássaro de plástico para captar a atenção dos
fotografados
PARA INGLÊS VER - QUANDO SE FAZ ALGO POR PURA EXIBIÇÃO
Uma das explicações prende-se com a fuga da família real
portuguesa para o Brasil. O infante João, futuro João VI, terá organizado no
Brasil uma festa cheia de pompa e circunstância para mostrar aos nossos aliados
ingleses como a mudança tinha sido bem recebida pelos brasileiros
REPÚBLICA DAS BANANAS - PAÍS DESORGANIZADO
Expressão foi criada pelo escritor americano O. Henry,
pseudónimo de William Sydney Porter (1862-1910). Na sua obra de 1904, 'Cabbages
and Kings', o autor referiu-se às Honduras como uma "pequena e marítima
república das bananas". Porquê bananas? Porque era o fruto dominante no
país
QUINTO DOS INFERNOS - LUGAR DISTANTE E DESAGRADÁVEL
Quando o Brasil era uma colónia portuguesa, um quinto de
todo o ouro extraído era propriedade da coroa, era o chamado imposto do
'quinto'. Nesta senda, quando chegava a nau portuguesa para receber o imposto,
os garimpeiros referiam-se a ela como a nau do 'quinto dos infernos'
TER A PULGA ATRÁS DA ORELHA - ESTAR DESCONFIADO
Antigamente, as pulgas eram uma companhia constante dos
homens. Estes insectos chegavam a fazer ninhos dentro dos canais auditivos, o
que fazia com que as pessoas tivessem uma pulga dentro ou atrás da orelha,
ficando desconfiados de que se tratava das 'amigas' pulgas
SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS - ALGO CONSEGUIDO COM MUITO ESFORÇO
A expressão é da autoria de Winston Churchill. Em 1940, em
plena hegemonia da Alemanha nazi, Churchill foi eleito primeiro-ministro de
Inglaterra e no seu discurso na Câmara dos Comuns disse: "Digo a esta
câmara, tal como já disse aos ministros que entraram para este governo, que
nada tenho a oferecer senão sangue, trabalho árduo, lágrimas e suor"
TRABALHAR COMO UM GALEGO - REALIZAR TRABALHOS PESADOS
Na Lisboa dos séculos XIX e XX era comum trabalhadores de
origem galega executarem trabalhos braçais, por vezes simples, por vezes
pesados
A TOQUE DE CAIXA - ANDAR SOB UMA AUTORIDADE SEVERA
Nas paradas e desfiles militares, os soldados andavam
guiados pelos toques de uma 'caixa', que era na verdade um tambor
SER MAIOR QUE A LÉGUA DA PÓVOA - UM CAMINHO DE LONGA
EXTENSÃO
A légua da Póvoa existe, é a estrada do concelho da Póvoa de
Varzim que vai da Casa dos Mortos até à primeira curva da estrada de Braga, em
Laundos, tendo uma extensão de mais de 6 quilómetros
VIRA CASACAS - PESSOA QUE MUDA FACILMENTE DE IDEOLOGIA
O termo surgiu o reinado de D. Manuel III, rei da Sardenha,
no século XVIII. Para proteger e aumentar o seu território, o monarca mudava
várias vezes de aliados. Em Portugal, a expressão ganhou força após a
implementação da República, quando os convictos monárquicos deram mostras
públicas de apoio aos republicanos
VER BRAGA POR UM CANUDO - NÃO ALCANÇAR UM OBJECTIVO
Expressão está relacionada com a existência de um telescópio
no monte do Bom Jesus. As pessoas podia ver Braga (por um canudo) mesmo estando
longe (do objectivo)
OBRAS DE SANTA ENGRÁCIA - OBRAS QUE SE ARRASTAM POR
DEMASIADO TEMPO
Trata-se de uma referência à construção de Santa Engrácia,
em Lisboa, que demorou 284 anos a ser construída (1682-1966)
https://www.youtube.com/watch?v=HIIQiBKDY1Y