Abre-me a porta,
Apaga-me a luz...
Preciso falar-te agora, de nós, a sós.
Abre-me os olhos,
Arde-me a pressa,
Preciso aguardar-te agora,
Tão fora de nós.
Abre-me a cama,
Arde-me um beijo,
Quero voar a nós, soltar a voz que há dentro de nós.
Eu só quero o teu braço, que me abraça.
Eu só quero o teu beijo, que me afoga.
Eu só quero o teu corpo que me enlaça.
Eu só quero o teu fogo que me afaga.
Eu só quero o teu livro que me assina.
Eu só quero o teu jeito que me enjeita.
Eu só quero o teu ar que me fascina.
Eu só quero o teu gozo que me enfeita.
Abre-me o sono,
Arde-me o sonho,
Preciso morar em ti... demora em mim.
Abre-me um dia,
Arde-me a fome,
Quero voltar aqui... soltar assim, cá dentro de mim.
O olhar que me ofereces, esse amar que fortaleces contra todas as expectativas, essa vontade de manter (cada vez mais) vivas as certezas de um futuro promissor no qual consideras essencial a minha presença efectiva, não como uma figura decorativa para exibir numa qualquer condição ou para preencher temporariamente uma omissão num domínio qualquer.
O sorriso de uma mulher, transparente, uma sensação melhor, tão diferente da que nos depara todos os dias em rostos hipócritas que nos tentam impingir emoções quando apenas pretendem manter ligações oportunistas na fachada de ilusões contrabandistas que despertam a chama em si.
Um sorriso acolhedor, uma sensação sempre melhor que abraça o olhar que pouso nos lábios que beijo a seguir.
O cheiro que me faz sempre lembrar o motivo que me leva a insistir nessa miragem, nessa hipótese num milhão de ao longo da viagem não precisar da memória para reviver dentro de mim uma história que ambos provamos não ter pressa de conhecer o seu fim. Por isso espero, assim.