Verinha_S2
✿*¨*•.¸❤S2.Se você.S2✿*¨*•.¸❤
✿*¨*•.¸❤S2.A vida.S2✿*¨*•.¸❤
✿*¨*•.¸❤S2.O laço e o abraço.S2✿*¨*•.¸❤
Eu nuca tinha reparado como é curioso um
Laço...uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira,
circula e pronto: está dado o laço.
e é assim que é o abraço: o coração com o
Coração, tudo isso cercado de braço. É assim
que é o laço: um abraço no presente, no cabelo,
no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que
acontece? Vai escorregando...devagarzinho,
desmancha, desfaz o abraço.
Solta-se do cabelo, de presente e do
vestido. E na fita, que curioso, não faltou
nenhum pedaço.
Ah! Então é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento como um pedaço de
fita;
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se
desfazer a qualquer hora, deixando livre as
duas bandas do laço. Por isso é que se diz:
laços afetivos, laços de amizade.
E quando alguém briga, então se diz:
romperam-se os laços
E saem as duas partes, igual meus pedaços
de fita, sem perder nenhum pedaço..
Então, é isso o amor e a amizade..
Não prendem, não escravizam, não apertam,
não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um
laço!
✿*¨*•.¸❤S2.Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.S2✿*¨*•.¸❤
A gente se acostuma a morar em
apartamentos de fundos e a não ter outra
vista que não as janelas ao redor.
E, porque não tem vista, logo se
acostuma a não olhar para fora.
E, à medida que se acostuma,
esquece o sol, esquece o ar,
A gente se acostuma a acordar de manhã
sobressaltado porque está na hora.
A tomar o café correndo porque está atrasado.
A comer sanduíche porque não dá para almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A gente se acostuma a sorrir
para as pessoas sem receber
um sorriso de volta.
A ser ignorado quando
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer fila para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E deixar que os desejos dos olhos façam
com que compremos além do que necessitamos.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes.
A abrir as revistas e ver anúncios.
A ligar a televisão e assistir a comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado,
lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
À luz artificial. Ao choque que os olhos levam na luz natural.
À contaminação da água do mar.
À lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que,
gasta de tanto acostumar,
se perde de si mesma.
✿*¨*•.¸❤S2.Onde foi parar o tempo.S2✿*¨*•.¸❤
Onde foi parar o tempo que ganhamos?
Havia mais terrenos baldios. E menos canais de televisão.
E mais cachorros vadios. E menos carros na rua.
Havia carroças na rua. E carroceiros fazendo o pregão dos legumes.
E mascates batendo de porta em porta.
E mendigos pedindo pão velho.
Por que os mendigos não pedem mais pão velho?
A Velha do Saco assustava as crianças. O saco era de estopa.
Não havia sacos plásticos, levávamos sacolas de palha para o supermercado.
E cascos vazios para trocar por garrafas cheias. Refrigerante era caro.
Só tomávamos no fim de semana.
As latas de cerveja eram de lata mesmo, não eram de alumínio.
Leite vinha num saco. Ou então o leiteiro entregava em casa,
em garrafas de vidro.
Cozinhava-se com banha de porco.
Toda dona-de-casa tinha uma lata de banha debaixo da pia.
O barbeador era de metal, e a lâmina era trocada de vez em quando.
Mas só a lâmina.
As camas tinham suporte para mosquiteiro. As casas tinham quintais.
Os quintais tinham sempre uma laranjeira, ou uma pereira, ou um pessegueiro.
Comíamos fruta no pé.
Minha vó tinha fogão a lenha. E compotas caseiras abarrotando a despensa.
e pão de casa.
Meu pai tinha um amigo que fumava palheiro.
Era comum fumar palheiro na cidade; tinha-se mais tempo para picar fumo.
Fumo vinha em rolo e cheirava bem.
O café passava pelo coador de pano. As ruas cheiravam a café.
Chaleira apitava.
O que há com as chaleiras de hoje que não apitam?
As lojas de discos vendiam long plays e fitas K7.
Supimpa era ter um três-em-um:toca- disco, toca-fita e rádio AM
(não havia FM).
Dizia-se 'supimpa', que significa 'bacana'. Pois é, dizia-se 'bacana', saca?
Os telefones tinham disco. Discava-se para alguém.
Depois, punha-se o aparelho no gancho. Telefone tinha gancho. E fio.
Se o seu filho estivesse no quarto dele e você no seu escritório,
você dava um berro pra chamar o guri, em vez de mandar um e-mail
ou um recado pelo MSN.
Estou falando de outro milênio, é verdade.
Mas o século passado foi ontem!
Isso tudo acontecia há apenas 20 ou 25 anos, não mais do que o espaço
de uma geração. A vida ficou muito melhor.
Tudo era mais demorado, mais difícil, mais trabalhoso.
Então por que engolimos o almoço? Então por que estamos sempre atrasados?
Então por que ninguém mais bota cadeiras na calçada?
Alguém pode me explicar onde foi parar o tempo que ganhamos?