acma1953

 
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I miss you,I'm gonna need you more and more each day I miss you, more than words can say More than words can ever say
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Último juego

Conto ou não...quem tem medo de ser feliz?


Num tempo muito ido, quando os animais falavam, havia uma estrelinha perdida no escuro da noite, num canto só seu. Estava sozinha a marcar aquele ponto do Céu. O tempo passava e ela ia perdendo o brilho. Sentia-se só. Um dia, olhando as outras estrelas, vislumbrou a Terra. Como era bela, pensou! E com o encanto veio a vontade irresistível de a conhecer. Decidida, entrou na noite da floresta, qual estrela cadente, deixando um rasto de luz intermitente na copa das árvores. Não houve pássaro que não acordasse e a anunciasse com piado abalado. A luz e música acompanharam-na num bailado que a fez sorrir. A curiosidade era tamanha que se sentia a rebentar, tivera peito e morria ali. 
No meio da noite descortinou ao longe uma pequena luz. Iria para lá! Seria uma alma gémea; mas não, a luz estava imóvel. A casa ia ganhando forma; a luz, essa, brotava de dentro e fugia para a noite que ali começava. Bateu à porta. Lá dentro, um cão, um cavalo e um porco jogavam às escondidas. Foi o cavalo que assomou à porta. Intrigado olhou e nada viu. Ia a fechar a porta quando ouviu um olá quase perdido. Olhou novamente e nada! Ouviu agora vindo de cima, “aqui, estou aqui!”. 
Num movimento lento levantou a cabeça enquanto esta ia ficando ruborizada com a luz que a estrelinha emanava. Sorriu, o espanto tomou-o de pronto. “Quem és tu?” indagou. 
“Sou a estrelinha, posso brincar?”. 
“Claro que podes, entra” e dizendo isto encaminhou-a para a sala. 
“C’um caneco!” exclamou o cão enquanto o porco, mais velho e vesgo, se limitou a mirá-la através do óculo que herdara da mãe. Em breve estariam todos a brincar. Seria o cão a apanhar. Encostou-se à parede e contou até cem, e não foram poucas as vezes que se enganou, a vontade de jogar era muita. O porco, pressentindo a proximidade do cão, saltou de rompante do armário e numa corrida escorregada alcançou a parede. Em leitão correra melhor, lembrou. O cavalo, ainda o cão olhava o porco, lança-se detrás da porta indo embater com um sonoro coice na parede gasta em jogos repetidos. Restava a estrelinha, desesperava o canídeo. Tudo procurou e nada! Nada mesmo! Com o tempo a busca transformou-se em pânico. Agora todos procuravam. 
O porco opinou “fugiu por certo! Não há estrela que se esconda ...”. 
O cão, mais prosaico, admitiu “Se calhar apagou-se!”. 
O cavalo ao ouvi-los bocejou e afirmou do alto da sua nobreza “Ela só queria brincar! É uma criança ...”. 
Ainda não tinha terminado e a voz doce fez-se ouvir “Escondi-me aqui, tontos!”, e o tecto iluminou-se com os raios que o sorriso dela projectava. 
Olharam todos para cima e perceberam o óbvio, uma estrelinha seria sempre uma estrelinha, e ainda bem. 

Quem tem medo de ser feliz? 

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Que a luz deste conto ilumine a cara de uma criança, basta uma e valeu a pena!

https://www.youtube.com/watch?v=1k4Tpvbokf0