Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite
disso. Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim,
porque também preciso fazer tolices tantas vezes. Que se estou apenas
cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva,
nem diga que reclamo demais. Que se começo a chorar sem motivo depois
de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não
o amo mais. Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas
sem fazer alarde nem dizendo: "Olha estou tendo muita paciência com você!"
Que se me entusiasmo por alguma coisa, o outro não a diminua, chame
de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por
mais tola que lhe pareça. Que quando sem querer eu digo uma coisa bem
inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me
ridicularize. Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não
venha logo atrás de mim reclamando: "Mas que chateação essa sua mania, volte
para cama!" Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a
compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro - filho, amigo, amante, marido - não me considere sempre
disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite
quando não estou podendo ser nada disso. Que, finalmente, o outro,
entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher
maravilha mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa,
assustada e audaciosa... uma mulher.
Lya Luft
Vídeo montado por mim, ousado, atrevido, bem
minha cara, aviso aos puritanos que nem olhem.
Sou uma mulher com defeitos,
fases e desejos... é pra vc, sempre vc.