No fundo, no fundo, a gente gosta mesmo de se apaixonar, mesmo que tudo dê errado, mesmo que seja um fracasso, a gente gosta de sentir de novo aquele frio na barriga, de perder o sono e fazer o mundo ficar sem sentido por ter olhos famintos por uma pessoa que inesperadamente se tornou única.
No fundo, a gente gosta de espiar os nossos medos, de cutucar nossas dores com vara curta, de entrar nos nossos labirintos emocionais desconhecidos, de viver perigosamente por dentro, de mergulhar no que surge do nada e desestrutura tudo.
No fundo, a gente tem curiosidade pela vida, a gente tem coração pra mais uma surpresa e um cantinho de pele pra mais uma ferida, a gente sabe que a alma pode até se tornar comodista e preguiçosa, mas não se aposenta antes de terminada a vida.
No fundo, tem sempre sangue novo correndo nessas veias gastas e sonhos frescos brincando nesses pensamentos velhos e fios dourados de esperança costurando esses passos entediados. Há vontade de se sentir diferente, de amar mais, de experimentar de novo, de perder a paz. De encontrar em si mesmo novas possibilidades de ser.
No fundo, no fundo, amar é viver.