LOLLA_28

 
připojena: 22.05.2013
Não faça do teu sentimento um wi-fi... A senha disponível pode muito te machucar e coração é lugar de um só morar!
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Você acabou de assinar a página final do seu livro negro.

Compulsivamente aquilo que um dia eu chamei de coração se transformou em fígado, e o sangue que um dia foi bombeado pelo meu corpo se transformou apenas na bile que permanece em minha boca, deixando-a amarga, onde sinto o gosto do fel, onde sinto seu gosto.

Suas promessas tornaram-se infundadas, e já não me apetece mais como antes. Você mente, dissimula, descria e me fere, como jamais imaginei ser ferida. É como se me amarrassem em um lindo e imenso jardim, e cada vez que eu tentasse fugir, um pedaço de mim estaria perdido por entre as belas flores.

O desejo tornou-se a minha fuga, e eu desejo fugir pra qualquer lugar que não tenha a sua imagem, pois o asco me fará regurgitar. Meu corpo arde em febre do rancor, da mágoa e da desilusão. Sinto cada pólo queimando, por dentro e por fora, como se pequenas brasas invadissem meus poros, e eu não pudesse apagá-las.

Agora prometo te olhar como um qualquer, como um desdém, como um ninguém, que não merece sequer minha compaixão, pois com ou sem paixão, você será apenas reflexo do que um dia eu pude gostar. Acabo de acreditar que tenho um ótimo mau gosto, já que me sentia bem contigo, um ser que nem deveria ser chamado de ser, pois a única coisa humana em você é sua feição.

Pretendo desviver tudo o que for necessário, desencontrar tudo o que foi válido e desgostar de tudo que foi vivido. Sou apenas um antro de sentimentos desagradáveis em relação a você; ainda que consigas ser infinitamente mais desagradável que meus sentimentos. Desvirtuarei tua felicidade em forma de sorriso, com um olhar fulminante, com um sorriso entre dentes, e uma chama ardendo por dentro, para que você morra, dentro de mim.


Clichê é fingir que não gosto de você

Clichê é fingir que não me importo com você, que não penso em nós todas as manhãs. E seria um clichê ainda maior não dizer que sinto tanto por você e por esse amor que é só calmaria.

Clichê é não confessar que o seu sorriso diminui o peso nos meus ombros. Que, de alguma forma, quando você abre essa boca em felicidades, apenas sei que tudo ficará bem.

Clichê é não permitir te encontrar e estar empolgada com isso. É não deixar de vestir o melhor abraço pra te envolver e o melhor beijo pra te dar.

Clichê é, ainda, não dividir os momentos que podemos. Que dure um dia, que dure uma hora, que dure cinco minutos. Qualquer tempo com você faz valer a saudade que a gente soma.

Em outras palavras, clichê é não assumir – de uma vez por todas, que gosto de amar você.

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Ah, se eu fosse mulher…



 Por

Guilherme Moreira Jr.


Ah, se eu fosse mulher como a Fani, por exemplo. Trabalhadora desde cedo, cuidou de todos os irmãos mais novos, conheceu o Ceará e abraçou a vida na volta ao Rio. Teve um filho e passou por maus bocados, mas nunca desistiu. Ainda consegue sorrir todos os dias pela manhã. Ou fosse como a Maria, dos cabelos e dos versos, negra com orgulho e ser humano com prazer. Ah, se eu fosse mulher…

Ah, se eu fosse mulher poderia ser uma Ana, sempre disposta e acreditando no melhor das pessoas. Ou quem sabe uma Adriana, uma que correu atrás do sonho até conseguir realizá-lo, mesmo tendo passado por tantos anos difíceis. Mas tinha gatos. Quem sabe poderia ser uma Bárbara. Porque Bárbara é sinônimo de sensibilidade. Ela sente demais e não fica com vergonha disso. Também cairia bem ser uma Marcele, uma Regiani ou uma Josie, mulheres de fibra e encantos que ninguém pode questionar, não importa o dia. Nem seria justo, diga-se. Mas talvez eu queira ser uma Fernanda, engraçada, esperta e desinibida para felicidades. Se o passado não trouxe o seu melhor, azar o dele. Ah, se eu fosse mulher…

Ah, se eu fosse mulher certamente Ana Beatriz, Priscila ou Sabrina. Mulheres de um coração que não dá para ser medido nem com a maior régua do mundo. Algumas vezes, a vontade de continuar é abalada, mas elas seguem em frente. Sabem que, mais adiante, abraços vão chegar e novos começos surgirão. Ser uma Bruna também não está fora de cogitação, aliás. Mulher que sente de verdade e ama por tabela. Ah, se eu fosse mulher…

Ah, se eu fosse mulher. Mas mulher por todos os lados, por todas as histórias. E mais quem? Ah, tantos nomes que seria impossível preencher aqui. Começa da Dona Fátima, senhora com cheiro de vó que tem um bar/mercearia aqui do lado de casa até a frentista do posto, a motorista de ônibus ou cozinheira do restaurante do bairro. Sim, nenhuma delas poderiam ser esquecidas. Nem devem.

Porque se eu fosse mulher, talvez entendesse que apesar tantas histórias bonitas e de tantos laços afetivos eternizados, ainda existem outras que sofrem caladas, sozinhas e, principalmente, injustiçadas . A questão não é somente reconhecer o porquê da mulher ser importante e merecer respeito. O sentimento é genuíno quando finalmente entendemos que as coisas precisam mudar e que sim, se eu fosse mulher, quem sabe, de repente poderia escrever isso tudo e ter a mesma voz como a que estou tendo agora, sendo homem.

Ah, se eu fosse mulher. Mas não sou. O que posso ser hoje é nada mais do que agradecimento e amor por ter convivido com algumas dessas mulheres. Se hoje sou menos homem, arrogante e machista é por causa delas. Se hoje consigo prestar o mínimo de desculpas e esclarecimento pelo certo, também é por causa delas. Ah, se todos fôssemos um pouco mais de vocês e um pouco menos de nós.

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Coração que nasceu livre não se pode acorrentar

Tenho pressa, sim. Tenho pressa por viver tudo o que pode me ser destinado. Sejam amores, encontros ou sonhos que trago no peito, quero desfrutá-los ao mesmo tempo agora. Mas não crie barreiras. Não freie essa vontade de sentir o abraço das coisas boas. O meu coração nasceu livre. E ele ninguém pode acorrentar.

Tenho sede, sim. Tenho sede por beber tudo o que pode me ser oferecido. Sejam novos gostos, sentimentos ou instantes que trago no peito, quero ficar embrigado sem hora para terminar. Mas não crie contraindicações. Não estipule o que pode ser ou não prejudicial para o gosto dos bons goles que pretendo dar. O meu coração nasceu livre, já disse. E ele ninguém pode acorrentar.

Tenho fome, sim. Tenho fome por consumir tudo o que pode me ser indicado. Sejam beijos, carinhos ou excitações que trago no peito, quero gozá-los sem qualquer julgamento. Mas não crie preconceitos. Não meça numa régua, o certo e o errado para os desejos que preciso saciar. O meu coração nasceu livre, aceite. E ele ninguém pode acorrentar.

Tenho amor, sim. Tenho amor por compartilhar tudo o que pode me ser permitido. Sejam afetos, gentilezas ou experiências que trago no peito, quero transbordá-los ao mesmo tempo agora. Mas não partidas. Não confunda o que quero com egoísmo. Porque se você não reconheceu até agora aonde quero chegar, talvez ainda lhe falte um bocado para somar. Coração que nasceu livre não se pode acorrentar. E é assim que nasce o amor que a gente tanto quer provar.

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O meu tempo é precioso. Só permaneça se tiver interesse

Quando você menos espera, percebe que a vida passa depressa. Que é quase impossível adivinhar os capítulos seguintes – por mais angustiante que possa parecer. Logo, não vale a pena conservar incômodos e manter quem não dedica algo de bom para você. O meu tempo é precioso. Só permaneça se tiver interesse.

Isso de persistir nos mesmos erros e seguir ao lado das mesmas pessoas, não rende pontos e prêmios para um tempo seguinte. É preciso separar relacionamentos que fazem mal daqueles que significam sentimentos essenciais na sua vida. Postergar essas escolhas, além de resultar em um péssimo hábito, acelera o processo de deterioração de uma das coisas mais importantes que podemos repassar na vida, o amor comum.

Chega de carregar, por obrigações e costumes, relações inversas do que você realmente merece e pode proporcionar. Primeiro, o seu dever maior é o respeito próprio, e não a autossabotagem. Ninguém pode ditar os melhores meios de encontrar a felicidade que não seja você. Então, por que cargas d’água ficar preso nessa multidão que acha que sabe dizer, mas que não sabe nem como sentir?

Faz assim, liberte-se. Corra pelo tempo em vez de através dele. Multiplique instantes e amores. Subtraia dores e decepções. O meu tempo é precioso. Só permaneça se tiver interesse. Só chegue perto se quiser contribuir para novas emoções, para novas permissões. Para os desinteressados, um leve “até mais ver”.

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