17/01/2010
"Um dia desses, li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Uma comparação extremamente interessante, quando bem interpretada. Interessante, porque nossa vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes no caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e de tristezas com os desembarques..."
Quando nascemos, ao embarcarmos neste trem, encontramos duas pessoas que, acreditamos, farão conosco a viagem até o fim: nossos pais. Não é verdade.
Infelizmente, em alguma estação eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seus carinhos, proteção, amor e afeto.
Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes que virão ser especiais para nós. Embarcam nossos irmãos, amigos e amores.
Muitas pessoas tomam este trem a passeio, outras fazem a viagem experimentando apenas tristezas, e no trem há, também, pessoas que passam de vagão em vagão, prontas para ajudar a quem precisa.
Muitas descem e deixam saudades eternas, outras tantas viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe.
Curioso é considerar que alguns passageiros, que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer essa viagem separado deles.
Mas claro que isto não nos impede de, com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles. O difícil é aceitarmos que não podemos nos assentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando este lugar.
Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques, sabemos que esse trem jamais volta.
Façamos, então, essa viagem, da melhor maneira possível tentando manter um bom relacionamento com todos os passageiros, procurando em cada um deles o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajeto, poderão fraquejar e, provavelmente, precisaremos entender isso.
Nós mesmos fraquejamos algumas vezes e, certamente alguém nos entenderá. O grande mistério, afinal, é que não sabemos em qual parada desceremos.
E fico pensando: quando descer desse trem sentirei saudade? Sim.
Deixar meus filhos viajando nele sozinhos será muito triste.
Separar-me de alguns amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim dolorido.
Mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram, e o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que tenha crescido e se tornado valioso.
Agora, nesse momento, o trem diminui sua velocidade, para que, embarquem e desembarquem pessoas, minha expectativa aumenta, à medida que o trem vai diminuindo sua velocidade...que entrará? Quem sairá?
Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como representação da morte, mas, também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por um motivo íntimo, deixaram desmoronar.
Fico feliz em perceber que certas pessoas, como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar. Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de "todos os passageiros".
Agradeço a DEUS por você fazer parte da minha viagem, e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza, o vagão é o mesmo.