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Let's Fish

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PSICOLOGIA DA RELIGIAO*

  1. 1.    INTRODUÇÃO

 

                A intenção proposta neste trabalho é trazer discussões, que tragam possibilidades da dialogicidade entre Psicologia e Religião.

                 Serão levantados questionamentos, que permitirão refletirmos sobre como estas variantes podem estar presentes em nossas vidas e como poderemos posicionar diante da afirmação de uma sem negar a veracidade da outra.

              A construção deste trabalho será realizada através das hipóteses mencionadas, que atribuem a dificuldade do vínculo entre Psicologia e Religião, devido Ciência e religião serem temas complexos, que por algumas vezes, ou não, trilharam (e trilham) seus caminhos paralelamente (historicamente, culturalmente, economicamente, etc.). Sem contar que, ao longo da história, pensadores atacaram as raízes do cristianismo questionando a veracidade dos eventos centrais da fé.

               Não pode ser deixado de mencionar que muitas pessoas acreditam única e exclusivamente na palavra de um lider religioso, deixando de lado o que a ciência dos homens tem comprovado reiteradamente acerca de diferentes conceitos psicológicos ao longo da vida.

 

 

  1. 2.    CIÊNCIA E RELIGIÃO

 

            Para se discutir melhor a Psicologia e Religião, é preciso primeiramente responder a uma seguinte questão: Interessa o diálogo Ciência e Religião?

            A questão é simples e nem requer muita reflexão: ciência lida com o mundo objetivo utilizando a razão e a experimentação; religião lida com o mundo espiritual utilizando a fé e a ritualística. Ponto final!

            Mas será?...

            GOLDFARB (2006), nos diz que Ciência e Religião são, “distintas formas de ação do ser humano com características próprias e independentes”. (Goldfarb, 2006, p.6).

Percebe-se ai que as fronteiras são claras, não há em verdade a necessidade de disputas, pois os domínios da ciência e da religião não se encontram nem se desencontram: simplesmente não se comunicam. Mas se essa é a verdade (se é que existe verdade), porque existem tantos conflitos entre ciência e religião?

GOLDFARB (2006), nos diz ainda que:

“Depois de séculos de disputas, encontros e desencontros, quando presenciamos a violência (até física) de variadas formas de inquisições religiosas (cristãs, judaicas, islâmicas) opondo-se à livre especulação e observação da natureza da ciência, seguida do contra-ataque iluminista que marcando o despontar da modernidade, quis eliminar toda a metafísica, para consolidar o domínio da ciência; nasce afinal um pacto de convivência pacífica entre as duas mais poderosas formas de expressão que a humanidade já experimentou. A ciência e a religião teriam tudo para deixar de confrontar-se pois não há mais o diálogo. Cada qual cuida de sua área de influência. Em linhas gerais, este pode ser indicado como o quadro da questão nos dias de hoje”. (Goldfarb, 2006. p.7).

 

Então, se de acordo com o que diz Goldfarb, entende-se que ciência e religião não necessariamente teriam que (ainda hoje) viver em conflito, pois estas tratam de áreas distintas do pensamento humano. Mas o que acontece é que uma sempre tenta entrar no campo da outra, gerando grandes frustrações e desmistificando saberes históricos, sempre tentando deturpar a visão que uma tem da outra, de forma a ter beneficio próprio.

 

1.1  Psicologia e Religião

 

            O desafio metodológico enfrentado pela Psicologia (bem como das outras ciências) e pela Religião é o de evitar o reducionismo de uma a outra. Manter um equilíbrio entre as áreas, respeitando suas especificidades, exige uma abordagem interdisciplinar do profissional psicólogo que, discutindo aproximações e distanciamentos conceituais e metodológicos, permita uma análise crítica dessa relação.

            O profissional de psicologia adepto de uma religião precisa movimentar-se entre as duas perspectivas mostrando competência e capacidade para estabelecer pontes entre elas.

A psicologia como ciência deve cuidar do que propõe, cuidar (teórica e tecnicamente), a igreja idem. Todas as questões que envolvem valores morais devem ser tratadas com cuidado, pois foi a partir de ideais assim que Hitler se fez.

Ao longo da história, percebemos vários conflitos entre estas duas grandes chaves da humanidade: Psicologia e Religião. Paradigmas, e crenças vêm sendo rompidos desde que a cultura se estabeleceu na humanidade. E esta briga entre ciência e religião, é algo determinado desde os primórdios da aculturação das civilizações.

Ataques ferrenhos contra a religiosidade, mais especificamente aos ensinamentos bíblicos, tem sido lançados de múltiplas direções. Dos campos psicológico, filosófico, biológico, para não mencionar o religioso, aparecem razões para descrê desse Evangelho.

NEVES (1998), nos dá um panorama geral do que foi relatado acima, quando nos diz que:

“Karl Marx tentou derrubar a fé cristã pelo determinismo materialista, e ainda Charles Darwin lançou sua teoria evolucionista há quase 150 anos, mas ela continua fazendo vitimas em nossas escolas e universidades. Para Darwin as incríveis maravilhas da Criação nada mais são d que um processo natural que age por acaso durante bilhões de anos”. (Neves, 1998. p.16).

 

            Na visão de Neves, compreende-se que ao longo da história, a ciência rompeu barreiras e modelos pré-estabelecidos de uma cultura e uma moral, onde as causas de conflitos entre os indivíduos e a ciência tornam algo inevitável.

Seguindo a mesma linha, FREIRE (2004) apresenta-nos a visão da Psicanálise quando nos diz que, “Freud, postulou que o conceito de Deus é uma projeção da menta que cria um pai substituto, necessário para a estabilidade emocional de pessoas fracas e medrosas”. (Freire, 2004, p.03).

Compreende-se claramente que a um ataque de grandes personalidades da história aos valores religiosos estabelecidos até então pela maioria da população mundial, questionando a veracidade dos eventos centrais da fé.

E nessa relação à mídia acrescenta seu apoio, publicando artigos e passando documentários que lançam duvidas sobre alguns fatos centrais, como por exemplo, incitam o cristianismo, com relação a veracidade do nascimento virginal de Jesus, sua ressurreição e ascensão.

No entanto, FREITAS (1997) nos apresenta outro panorama, quando cita Jung, um dos mais venerados teóricos da ultima geração:

“Jung escreveu um livro intitulado Modern Man in Search of a Soul (O homem moderno em busca da Alma). A tese do seu livro é que um analista precisa fornecer para seu paciente, enfermo emocionalmente, uma fé que o ajude a vencer o temor da escuridão. Tem que ajuda-lo a vencer o desespero e a desilusão no mundo que domina sua vida. Precisa de alguma percepção (insight) que o permita alcançar saúde emocional”. (Freitas, 1997. p.19).

 

            Freitas nos apresenta sua idéia baseada em Jung, que todo ser humano, sem nenhuma exceção, precisa de, pelo menos, quatro coisas: Amor, Fé, Esperança, Compreensão. E isso nos mostra que o pensamento humano é incapaz de dar ao paciente esses quatro pilares, restando apenas a este seguir uma filosofia de vida que fornece estes elementos essenciais ao bem-estar do homem, como por exemplo, a religião.

            Diante disso cabe-nos uma reflexão enquanto alunos de psicologia e religiosos, sobre assuntos desta dimensão, em relação ao que sempre acreditamos, com os estudos que este novo campo científico nos propõe. É possível sim, sermos psicólogos, sem ferir nossos costumes e princípios, tendo por base a idéia de que nunca somos os mesmos, a partir de uma nova aprendizagem.

 

1.2   O Terapeuta e a Religião

 

As questões e conflitos entre psicologia e práticas místicas ou religiosas têm adquirido relevância no meio profissional do psicólogo, sejam em função de posturas cristãs fundamentalistas ou esotéricas de alguns. Atendendo a esta demanda, os Conselhos buscam esclarecer e fundamentar a prática da psicologia nos parâmetros éticos e científicos da profissão.

Não podemos negar que como estudantes, e futuros psicólogos também temos nossas crenças e conflitos que com as teorias psicológicas podem trazer sofrimento e dificultar o atendimento aos pacientes. Mas é certo também que o código de ética, prevê essa dificuldade do psicólogo lidar com demandas que não estão a nível, tanto do preparo profissional, quanto psicológico, podendo encaminhar à outro profissional.

O código de ética do Psicólogo, nos diz em seu artigo 2º que:

 

“Art. 2º – Ao psicólogo é vedado:

b) Induzir à convicções políticas, filosóficas, morais, ide­ológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando no exercício de suas funções profissionais”; (Código de Ética, 2007).

 

Ainda em consenso com este tema, o manual do psicólogo, expedido pelo conselho Federal de Psicologia diz que:

 

“É vetado ao psicólogo divulgar a prática da Psicologia juntamente com ciência e profissão associada a crenças religiosas ou posições filosóficas alheias ao campo da Psicologia”. (Manual do Psicólogo, 2007).

 

Percebe-se então que enquanto profissionais temos que ter o discernimento de diferenciar nossa convicção religiosa de nossa atuação. E fugirmos do conflito, não é a solução, o importante é usarmos a inteligência emocional na escolha da abordagem teórica, buscando vertentes, que não sejam tão antagônicas ao que cremos, mas lembrando sempre, que a Psicologia, tem suas teorias e técnicas que não precisam da Religião para terem respaldo. Um exemplo bem típico, tão questionável recentemente, é a forma como é visto a homossexualidade, na Psicologia, que já foi tirada do CID, como doença, portanto vista como uma orientação sexual que não pode ser atribuída à uma escolha feita pelo individuo. Mas é comum, vermos profissionais do ramo psicológico defendendo que há cura. Temos que ter em mente, que é possível sermos psicólogos, sem deixar nossas crenças religiosas.

Por outro lado, quando o cliente traz conteúdos religiosos, ZACHARIAS (2007) diz que:

 

“A conduta mais apropriada ao psicólogo é compreendê-los sob os parâmetros da ciência psicológica e das crenças do cliente, sejam elas quais forem – sem julgamento ou preconceito”. (Zacharias, 2007 p.02).

 

Percebe-se ai que a dinâmica religiosa é do cliente, e o terapeuta deve respeitar isto, sabendo que a ciência não invalida a religiosidade, mas que esta compõe o todo do seu cliente.

ZACHARIAS (2007) ainda discorrendo sobre o assunto, diz que:

 

“O psicoterapeuta deve atuar com o olhar científico, dialogando com as crenças e valores de seu cliente, bem como com a experiência religiosa deste, sob o ponto de vista dos conteúdos religiosos próprios do cliente e nos limites da prática psicológica cientificamente recomendada”. (Zacharias, 2007. p.03).

 

Neste sentido, o psicólogo deve estar consciente do olhar profissional que é esperado dele. O psicoterapeuta não é, no exercício de sua profissão, um (guia, pastor, padre, xamã, pai de santo) embora trabalhe com os mesmos conteúdos, “os ditos inconscientes”. O que diferencia um do outro é o olhar, a maneira e os referenciais conceituais para interagir com o conteúdo exposto pelo cliente.

Enquanto futuros psicólogos, temos que procurar compreender a pessoa como um ser plural e único e, humildemente, atuar dentro dos limites a que estamos sendo treinados - o olhar psicológico – de forma a proporcionar dignidade e profundidade ao nosso trabalho e, quem sabe, poderemos ficar um pouco mais próximos da sabedoria.

 

  1. 3.    CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Seria possível, chegarmos ao um ponto conclusivo referente ao tema?

Creio que não. O que nos traz aqui é a possibilidade de repensarmos, a nossa postura ética como futuros profissionais da Psicologia.

É necessário lembrar que as reflexões precisam ser constantes na vida do ser humano, como sujeito de mudanças, por outro lado, esse refletir deve estar pautado no agir psicológico.

Respostas? Não teriam aqui espaço. O Percurso nos traz a demonstração, de que a psicologia tem um arcabouço teórico e técnico e seriam necessário que os indivíduos compreendessem que, não pode ser misturadas com nenhum tipo de credo, fé ou crença, por isso alguns profissionais da psicologia deveriam rescindir da idéia de converter a psicologia, pelo fato de serem religiosos.

No espaço de escuta devem ser deixados as crenças pessoais, estabelecendo uma reorganização do pensamento, para que não haja mistura de valores no fazer psicológico.

 

  1. 4.    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

Conselho Federal de Psicologia. Código de ética do profissional Psicólogo.  CFP, 2007. Disponível em: www.pol.org.br/publicacoes