Às vezes, o músculo está estendido, espichado, no limite:
há um único nervo que nos mantém presos a algo que não nos serve mais,
porém ainda nos pertence.
Fazer o talho, machuca.
Dói de dar vertigem, de fazer desmaiar.
E dói mais ainda porque se sabe que é irreversível.
A partir dali, a vida recomeçará com
uma ausência.
Cada um tem um cânion pelo qual se sente atraído.
E um cânion do qual é preciso escapar.
Martha Medeiros